Com homenagem a Iedo, Queimadas e Vitória Master empatam em 3×3
Na manhã deste domingo (28/9), o Estádio Municipal Jongão, em Queimadas, foi cenário de um empolgante amistoso de futebol master. Atletas de Queimadas enfrentaram o Esporte Clube Vitória, em uma partida equilibrada, que terminou empatada pelo placar de 3×3.
Os gols do time queimadense foram marcados por Nelio, Gil e Cloudes. Para o time do Vitória, marcaram Dinho – duas vezes – e Jorginho Capixaba. O clima de confraternização e homenagem tomou conta do estádio.
A manhã também foi marcada por uma homenagem a Iedo Morgado, ex-atacante de 56 anos, natural de Queimadas. Ele defendeu a camisa rubro-negra entre 1987 e 1990. Amigos e ex-atletas prestaram reconhecimento ao ex-jogador, com a entrega de uma camisa do Vitória, com assinatura de todos os participantes do jogo.
IEDO
Iedo não teve a vida de astro como jogador. Mas também fez o seu sucesso nos gramados nordestinos. Ele estourou em 1987, jogando pelo Vitória. Franzino, rápido e muito habilidoso, caiu nas graças da torcida rubro-negra.
“O sucesso no Vitória foi muito rápido. A realização de um sonho para mim. Sempre fui torcedor do time e queria muito vestir aquela camisa. Meu primeiro gol pelo Vitória foi veiculado no Fantástico. Uma emoção muito forte. Tive uma identificação muito grande com a torcida. Já joguei na Fonte Nova cheia. Mais de 70 mil pessoas gritando o meu nome. Algo inesquecível”, contou ao Notícias de Queimadas e Região.
No Leão, Iedo Morgado conquistou o bicampeonato baiano em 89 e 90. Ele fez parte de um dos grandes times do Vitória na década de 90, que tinha ainda Roberto Gaúcho, Missinho, Hugo e André Carpes.
Mas também muitos dissabores. Fatos acumulados que fizeram o ex-atacante, que mexia com os corações nervosos das torcidas nordestinas, ter problemas cardíacos, que acabaram resultando num Acidente Vascular Cerebral (AVC).
“Em 2015, eu pedi para sair do Estanciano-SE, e um mês depois tive um AVC. Perdi os movimentos do lado esquerdo todo. Foram oito meses de cadeiras de rodas. Deus me deu oportunidade de não morrer. Tive um AVC hemorrágico. Ainda tenho sequelas, ando com um pouco de dificuldade. Tive que me afastar do futebol. Mas hoje esse Iedo é muito mais feliz do que o outro”, pontuou.
O Iedo do Esporte Clube Vitória, Treze e do futebol nordestino segue, mas, hoje, aos 56 anos, é muito mais o Iedo pai de Jade, Rainara e Nicolas, e o esposo de Ranuzia. Mora em Estância, Sergipe, e se diz muito feliz.
Hoje, aquele Iedo rápido e elétrico dos gramados, caminha passos mais comedidos, revela ter no coração os clubes pelos quais ele atuou e sabe que tem um pé na história do nosso futebol.
CARTA DA FAMÍLIA
A família de Iedo pediu um espaço ao NQ+ para enviar uma homenagem ao ex-atleta. Segue, abaixo, na íntegra.
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Eu sou, sem dúvida, a pessoa mais suspeita para falar de painho e da sua carreira. Sou uma eterna aprendiz e admiradora. Cresci ouvindo as suas histórias, sempre carregadas de amor, e, confesso, muitas vezes me questionei se não era injusto não ver o nome dele nos grandes holofotes até hoje. Mas tenho certeza de algo: a sua trajetória é um tesouro que será guardado e contado para as próximas gerações da nossa família, e eu farei questão de ser a iniciadora dessa conversa.
Será um prazer imenso contar aos meus filhos e netos sobre os gols de bicicleta que o avô fazia; o gol de cabeça que ele marcou lá do meio de campo (sim, do meio de campo!); ou de como ele era apegado à bola de um jeito que parecia que ela o amava, chegando nele para que ele fosse a atração principal e finalizasse os gols incríveis que marcou.
Vou falar também de como ele sempre deu a volta por cima diante das barreiras que a vida colocou no meio do seu caminho, e mesmo assim, se manteve firme e fiel à sua paixão de ser jogador.
Com certeza, os meus olhos vão marejar quando eu começar a falar da parte da vida dele em que o vi se dedicar dia e noite para levar o seu projeto de vida aos bairros mais esquecidos da cidade onde cresci, para aquelas crianças que não tinham a oportunidade de conhecer um profissional como ele. E ele fazia isso com tanto amor.
Estarei chorando ao falar que ele chamava todos aqueles meninos de filhos e que a sua maior satisfação era saber que estava lhes dando a possibilidade de sonhar com uma carreira digna.
É uma honra imensa para mim como filha ter participado de jogos onde painho era treinador do time, e ver como ele misturava o profissionalismo de técnico com a capacidade de fazer os jogadores entregarem o melhor de si, mesmo quando estavam com os salários atrasados, inclusive o dele.
Hoje, infelizmente, depois de um AVC que acabou chegando de maneira tão precoce, eu me questiono se era justo com alguém como meu pai, que carrega a bola no lugar do coração. Mas, sem dúvida, o legado dele é algo que vai ficar para a história na geração da família Morgado.
Finalizo meu depoimento como uma filha emocionada com esta homenagem. De alguma forma, este é um jeito dele lembrar e ter a certeza de que ele marcou e fez história no futebol!
Minha eterna gratidão a todos por este momento. E se alguém que está vendo esta homenagem hoje não teve o prazer de ver o meu pai dando o show dele em campo, assista no YouTube: “Os gols de Iedo Morgado”. Acreditem, vocês nunca viram nada parecido no futebol.
Obrigada por este momento lindo!
Ass: Filha Jade Morgado, mas falo em nome de Raynara Morgado (filha), Nycolas Manoel (filho) e Ranúzia Morgado (esposa).
